Glaucoma: O que é, tipos, sintomas, tratamentos e mais

25/06/2024
Glaucoma: doença silenciosa atinge mais de 64 milhões de pessoas no mundo e pode levar à cegueira 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, aproximadamente, 285 milhões de pessoas, no planeta, têm a visão prejudicada, incluindo problemas como glaucoma. E o mais surpreendente: muitos destes casos poderiam ser evitados ou tratados. Ainda segundo a OMS, as doenças oculares podem ocorrer por diversos motivos, desde causas genéticas até hábitos de vida, sendo extremamente comuns.

Dificuldade visual: Glaucoma

Estima-se que pessoas com uma vida suficientemente longa terão, ao menos, uma enfermidade ocular durante sua trajetória. Algumas são leves e têm cura. Outras, como o glaucoma, são irreversíveis, podendo levar à cegueira. A doença atinge cerca de 64,3 milhões de pessoas, entre 40 e 80 anos. A projeção é de que, até 2040, esse número aumente para 111,8 milhões. 

 No Brasil, conforme o Ministério da Saúde (MS), o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou mais de 35 milhões de pessoas com algum grau de dificuldade visual. Destes casos, pelo menos 900 mil têm o diagnóstico de glaucoma. 

Quais são os principais sintomas das doenças oculares que devem servir de alerta? 

Os principais sintomas das doenças oculares, segundo o MS,  devem servir de alerta, assim que surgirem, são: 

– Visão embaçada; 

– Tremor nos olhos; 

– Dificuldades de se adaptar à luz; 

– Olhos vermelhos; 

– Olhos lacrimejando. 

Quais são as doenças oculares consideradas mais frequentes no país? 

As principais doenças oculares acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são: 

– Erros de refração (como miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia); 

– Retinopatia diabética (complicação da diabetes mellitus); 

– Catarata (responsável por 47,8% dos casos de cegueira no mundo, mas pode ser corrigida); 

– Glaucoma (segunda maior causa de cegueira no mundo, atrás da catarata, e não tem cura). 

Afinal, o que é o glaucoma? 

O Portal 24 horas pelo Glaucoma, da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), explica que esta é uma doença crônica que atinge o nervo óptico, estrutura responsável por conectar o que o olho enxerga com o cérebro, para formar a visão. Conforme a SBG, o glaucoma é considerado uma doença multifatorial complexa, com características específicas, em que ocorre um dano ao nervo óptico e a perda progressiva e irreversível do campo visual. Este dano óptico geralmente é causado por um aumento da pressão dentro do olho (pressão intraocular ou PIO), mas pacientes com níveis normais de pressão intraocular também podem desenvolver glaucoma. 

Entretanto, não existe um nível específico de pressão ocular elevada que definitivamente cause o glaucoma. E não há um nível menor de pressão intraocular que possa eliminar por completo o risco de uma pessoa desenvolver o glaucoma. É por isso que, conforme preconizam as entidades médicas, o diagnóstico precoce e o tratamento do glaucoma são imprescindíveis para prevenir a perda permanente da visão. 

Na prática, como a doença se manifesta? 

De acordo com o portal sobre a doença, a pressão intraocular elevada machuca o nervo óptico progressivamente. Posteriormente, não é mais possível recuperar as partes do nervo que foram lesadas. Dessa forma, o glaucoma não tratado corretamente pode, realmente, levar à perda da visão. Os sintomas, às vezes, demoram meses e até anos para aparecerem. 

Quais são os fatores que estão associados ao surgimento do glaucoma? 

​Ainda segundo as instituições da área, um dos principais fatores de risco associado ao glaucoma é o histórico da doença na família do paciente. Portanto, os parentes próximos de portadores de glaucoma precisam fazer sempre os exames preventivos. 

Além disso, outros fatores precisam ser considerados, como: 

– Etnia africana (para glaucoma de ângulo aberto) ou asiática (glaucoma de ângulo fechado); 

– Idade acima dos 40 anos; 

– Presença de miopia em graus altos. 

Qual é a recomendação médica? 

Por este motivo, é recomendado um acompanhamento médico oftalmológico, especialmente para quem faz parte do grupo de risco. Segundo o portal do MS, a recomendação é procurar um médico oftalmologista ao menos uma vez ao ano para que seja feita uma avaliação completa da visão. Quanto mais cedo for descoberto o glaucoma, maior a chance de tratá-lo. 

Quais são os tipos e quais são os principais sintomas da doença? 

​A Sociedade Brasileira de Glaucoma e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia esclarecem que existem alguns tipos e os principais sintomas da doença, tais como: 

 – Glaucoma primário de ângulo aberto. Considerado o mais comum, consiste em um problema no sistema de “drenagem interno”, que faz com que a pressão intraocular fique alta e resulte na lesão do nervo óptico. 

Sintomas: Tem a evolução gradual e lenta, sem ser percebida. 

 – Glaucoma de ângulo fechado. Segundo tipo mais comum, consiste em um problema de obstrução do “sistema de drenagem”. É caso de emergência clínica. 

Sintomas: Pode ocorrer de maneira rápida e extensa, resultando em um aumento súbito da pressão intraocular, dor forte, enjoo e visão turva. Esta situação mais grave é chamada de “glaucoma agudo”, mas representa uma pequena parte dos casos. A maioria evolui de maneira mais lenta e sem sintomas. 

 – Glaucoma secundário. Ocorre por algum outro fator que leva ao aumento da pressão intraocular, como trauma, uso de medicação a base de corticoide, tumores, inflamações, hipertensão arterial e diabetes. 

Sintomas: Têm relação com outras doenças. 

 – Glaucoma congênito. Afeta bebês e crianças pequenas, sendo resultante de um erro na formação do sistema de drenagem do olho, causando o aumento da pressão intraocular logo ao nascimento ou nos primeiros meses de vida. 

Sintomas: Os sinais de alerta são um olho grande e sem brilho, lacrimejamento, grande sensibilidade à luz, que faz com que a criança fique com as pálpebras bem fechadas em ambientes muito iluminados. 

Como é feito o teste em bebês? 

O Ministério da Saúde observa que, todos os bebês, quando nascem, realizam nas maternidades públicas o Teste do Olhinho. É um exame simples, rápido e indolor, capaz de detectar alterações no eixo visual. O teste avalia o reflexo da luz que entra no olho da criança. Se for identificada alguma alteração, o recém-nascido é encaminhado para um especialista. A identificação precoce aumenta a chance de desenvolvimento normal da visão ao longo da vida. 

O glaucoma é, mesmo, assintomático? 

As entidades nacionais destacam que, embora tenha diferentes tipos e manifestações, na maior parte dos casos o glaucoma é assintomático: 

– Não dói; 

– Não coça; 

– Não arde; 

– Não causa qualquer incômodo. 

Qual é o maior prejuízo que o glaucoma pode causar na visão? 

Apesar de ser assintomática, a enfermidade danifica o nervo óptico e, em estágio avançado, o paciente começa a perceber que está com dificuldade de enxergar. Sem tratamento, leva a perda permanente e irreversível da visão. 

A doença tem cura? 

O tratamento consegue apenas manter a visão do paciente, pois tudo que se perde do nervo não pode ser recuperado. Por isso, identificar a doença ainda nos estágios iniciais é muito importante. 

Quais são as formas de tratamento para o glaucoma? 

Conforme a SBG e o CBO, o tratamento comprovadamente eficaz consiste na redução dos níveis de pressão intraocular, que pode ser obtida através de: 

– Colírios: utilizados uma ou duas vezes por dia; sendo que, às vezes, mais de um colírio pode ser necessário para o controle da pressão intraocular. Veja mais informações no E-book da SBG, intitulado o “Uso correto de colírios pode salvar a sua visão. Saiba os porquês”; 

– Laser: que pode reduzir a pressão intraocular por algum tempo, e com raras complicações; 

– Cirurgias: existem diversas técnicas cirúrgicas para reduzir a pressão intraocular e controlar o glaucoma. Algumas, em fase de testes, ainda. 

Qual é a importância do diagnóstico precoce? 

​Conforme a SBG, o CBO e o MS, quanto antes diagnosticar o glaucoma, menores as chances de o paciente ter problemas na visão. O tratamento, geralmente, é mais simples e o controle do glaucoma mais fácil nas fases iniciais. 

Como prevenir esta doença silenciosa? 

Como a doença evolui de forma assintomática, as visitas regulares ao oftalmologista são fundamentais, especialmente para pessoas que fazem parte do grupo de risco. O médico oftalmologista é o único profissional que pode diagnosticar o glaucoma com segurança. 

Quais são os exames que contribuem para diagnosticar o glaucoma? 

A Sociedade Brasileira de Glaucoma e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia destacam os seguintes exames para o diagnóstico do glaucoma: 

Avaliação da pressão ocular: na qual uma gota de colírio anestésico é aplicada para que um pequeno aparelho verifique a pressão intraocular, considerada o principal fator de risco para ter glaucoma, mas que depende da susceptibilidade individual de cada pessoa; 

– Avaliação do nervo óptico: chamado de fundoscopia, este exame avalia a aparência do disco óptico, no começo do nervo óptico, na parte interna do olho. Um aparelho com uma luz é utilizado para examinar as estruturas dentro do olho e, às vezes, é necessário realizar a dilatação pupilar. Esse é um dos exames mais importantes para detectar e tratar o glaucoma; 

Avaliação do campo visual: auxilia o oftalmologista na identificação de perdas da visão periférica causadas pelo glaucoma. O paciente aperta um botão quando consegue ver pontos luminosos em diferentes localizações. A avaliação do campo visual exige total atenção do paciente, e os exames seriados são importantes para analisar se o glaucoma está controlado ou não; 

– Avaliação do ângulo da câmara anterior: chamado de gonioscopia, permite a avaliação da entrada do sistema de drenagem interna do olho. É um exame fundamental para ajudar a identificar o tipo de glaucoma e, por consequência, o tratamento mais adequado. É realizado após o uso de colírio anestésico e com o uso de uma lente especial sobre o olho, por alguns segundos; 

Avaliação da espessura da córnea: chamado de paquimetria, percebe quando a espessura da córnea (“vidro do relógio do olho”) é mais fina ou mais grossa do que a média normal, então, os valores da pressão intraocular obtidos pelos aparelhos precisam ser corrigidos; 

– Exames de imagem: são complementares e auxiliam na avaliação das estruturas intraoculares no glaucoma de uma maneira mais objetiva, sem depender tanto da atenção do paciente como o exame de campo visual. É indicado para o acompanhamento dos casos confirmados e suspeitos de glaucoma, como retinografia, tomografia de coerência óptica (OCT) e topografia de disco óptico (HRT). 

Quais são os cuidados que contribuem para evitar as doenças oculares? 

De acordo com o Ministério da Saúde, alguns cuidados diários e hábitos saudáveis podem prevenir o desenvolvimento de possíveis doenças oculares, como: 

– Evitar a exposição excessiva às telas de TV, computador e smartphone, que pode causar ressecamento dos olhos, cansaço visual e distúrbios do sono; 

– Usar óculos de sol para reduzir a exposição dos olhos aos efeitos nocivos da radiação ultravioleta; 

– Deixar de coçar os olhos, pois pode causar irritações, lesões oculares ou até problemas na córnea; 

– Não se automedicar. Corticóides são particularmente preocupantes pelo risco de induzirem ao glaucoma e à catarata; 

– Dormir, no mínimo, 8 horas por dia; 

– Preferir uma alimentação balanceada, incluindo vegetais verdes escuros e legumes, peixes e sementes, que fornecem vitaminas benéficas para o funcionamento da retina; 

– Não colocar produtos químicos, maquiagens e tinturas muito perto dos olhos, que podem causar irritação e alergias; 

– Retirar a maquiagem dos olhos antes de dormir; 

– Procurar ajuda médica caso perceba qualquer anormalidade na visão: o diagnóstico precoce evita complicações; 

– Realizar consultas regulares para avaliar a qualidade da visão e atualizar o grau dos óculos, se necessário. 

A importância do oftalmologista 

Segundo o portal do MS, a recomendação é procurar um médico oftalmologista ao menos uma vez ao ano para que seja feita uma avaliação completa da visão. Quanto mais cedo for descoberto o glaucoma, maior a chance de tratá-lo. Contudo, a SBG observa que mais da metade da população brasileira não sabe responder o que é a doença glaucoma. E um a cada três brasileiros com mais de 16 anos de idade nunca foi ao oftalmologista. Portanto, é necessário que a população tenha este cuidado, anualmente. 

As pessoas que fazem parte de algum dos grupos de risco devem se submeter a exames oftalmológicos com regularidade. Quem possui histórico familiar também precisa realizar exames 1 vez por ano, a partir dos 35 anos, de acordo com orientação médica.  

Caso você ainda tenha dúvidas, acesse o e-book sobre o tema, elaborado pela SBG e o CBO. Nesta publicação, você poderá desvendar mitos e verdades sobre esta doença silenciosa e grave. Cuide da sua saúde e de seus pacientes.  

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